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Veríssimo de Melo e a biblioteca setorial do Museu Câmara Cascudo

BSE-MCC

Por Cirlene Oliveira

Bibliotecária/Documentalista da BSE-MCC



O mês de julho é muito importante para a Biblioteca Setorial Veríssimo de Melo do Museu Câmara Cascudo (MCC). De acordo com o primeiro Boletim Universitário, de 1963, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), a biblioteca do Instituto de Antropologia (IA), hoje MCC, foi fundada em julho de 1962. O escritor Veríssimo de Melo, o qual dá nome a biblioteca do museu e um dos fundadores do IA, nasceu em 9 de julho de 1921. Para completar, no dia 1º de julho é comemorado o Dia Mundial das Bibliotecas.


Através do acervo da biblioteca do MCC, é possível descobrir quem foi esse grande escritor, antropólogo e, principalmente, folclorista, por meio de citações e depoimentos encontrados em títulos de sua autoria e também de outros escritores e das dedicatórias especiais deixadas em várias publicações do acervo pessoal de Veríssimo de Melo.


O professor Daladier Pessoa Cunha Lima, na época vice-reitor da UFRN, redigiu a apresentação da obra de Veríssimo  “O livro, a língua e a universidade na ótica de Ortega y Gasset”, publicado pela EDUFRN em 1986, afirmando: “Veríssimo de Melo é professor da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, autor de numerosos trabalhos, livros e artigos, sendo, sem favor, um dos expoentes da vida intelectual norte-rio-grandense. [...] Seus trabalhos de pesquisa no campo do folclore brasileiro o têm projetado dentro e fora do Estado, assim como no exterior. [...]”.


Em outro livro de Veríssimo, “Calendário cultural e histórico do Rio Grande do Norte”, do Conselho Estadual de Cultura do Rio Grande do Norte (RN), de 1976, seu amigo Diógenes da Cunha Lima, o descreveu de maneira singular na orelha do livro, resumindo bem seu valor e suas muitas qualidades: “Veríssimo de Mélo tem o privilégio da surpresa. Em cada encontro amigo, fala sobre a sua nova atividade, novo interesse. Das adivinhações populares ao humanismo de Einstein vão as suas pesquisas, registra fatos folclóricos e comenta documentação histórica. Sempre real, verdadeiro, de fácil leitura. O professor de Antropologia Cultural estuda e anota poetas, participa de Seminários, Encontros de Cultura e de muitas instituições. Faz pesquisas de campo, identifica figuras potiguares. E faz muitas amizades. Veríssimo é um inquieto. Não esgota assunto. [...] Mas sei também de outra face de Veríssimo de Mélo. Face visível nas noites que a alegria prolonga, quando se dá ao luxo de compor samba, do bom, tocando violão, ao lado do filho, Sílvio, melhor ritmista do que ele. Dos mais íntimos amigos, ganha a dimensão afetuosa do apelido: Vivi”.


O acervo particular de Veríssimo de Melo doado à biblioteca do museu em 2007 por sua família inclui não só publicações de sua autoria, mas também obras adquiridas pelo folclorista e principalmente, aquelas que recebia de outros intelectuais em suas trocas de correspondências e muitos desses títulos contém dedicatórias das mais usuais às mais íntimas e até engraçadas. O que representa uma excelente fonte de pesquisa para conhecer um pouco mais do escritor potiguar e também sua importância na história intelectual brasileira.


Temos, por exemplo, dedicatórias de folcloristas como Luís da Câmara Cascudo no livro “Superstições e costumes”, da Editora Antunes, de 1958:  “Para o grande Vivi. O gordo, Cascudo”. Do argentino Félix Coluccio no “Diccionario folklórico argentino”, da Editora Al Ateneo, de 1950: “Al ilustre folklorista de America, Veríssimo de Melo, que es un orgullo de America. Felix Collucio”. De Florival Seraine, na obra “Antologia do folclore cearense”, da editora H. Galeno, de 1968: “Ao prezado amigo e distinto colega Veríssimo de Melo. Homenagem de Florival Seraine”. Do potiguar Deífilo Gurgel, em seu livro “7 sonetos do Rio e outros poemas”, da Editora Universitária, de 1983: “Ao meu padrinho Veríssimo de Melo, com o melhor apreço do afilhado sempre agradecido e sempre amigo. Deífilo Gurgel”.


Veríssimo tinha um círculo de amizade bem diversificado. Em “Lendas do Rio Grande do Norte”, da Editora Universitária, de 1981, o artista potiguar Dorian Gray escreveu: “Para Veríssimo, fraternalmente neste Natal e Ano Novo a estima maior de Dorian Gray Caldas”. Na publicação “Uma cidade vestida de sol”, de 1986, com poemas de Racine Santos e desenhos de Newton Navarro, dedicaram a Veríssimo da seguinte forma: “Para o amigo e mestre Veríssimo de Melo,  que me ensinou os caminhos desta cidade. Com os cumprimentos de Racine Santos”, e ainda: “Para Veríssimo e Noemi, o que o desenho traduz o que a palavra não traduz: assim como um rio diz um verso. Fraternalmente, Newton Navarro”.


O jornalista Nilo Pereira, em seu livro “A Faculdade de Direito do Recife (1927-1977)”, da Editora Universitária, de 1977, dedicou: “A Veríssimo de Melo com grande admiração e velha amizade. Nilo”.


Como um apaixonado por música, amante de violão e compositor de algumas canções, é possível encontrar dedicatórias de músicos como Pe. Jaime Cavalcanti Diniz no livro “Organistas da Bahia”, do Tempo Brasileiro, de 1986: “Ao muito prezado amigo, Prof. Veríssimo de Melo, um sinal de muita consideração, Pe. Jaime C. Diniz”, e também, Oriano de Almeida na obra “Um pianista fala de música”, publicado pela CEJUP em 1996: “Ao ‘caríssimo Veríssimo’ rimando a nossa velha e sempre nova amizade. Oriano”.


Os renomados críticos como Salvyano Cavalcanti de Paiva no livro “Viva o rebolado”, editado pela Nova Fronteira em 1991: “Para o antropólogo, o folclorista e, sobretudo, o amigo Veríssimo de Melo. Com o abraço do Salvyano Cavalcanti de Paiva”, e Acyr Castro na publicação “Um fio de lâmina”, da Falangola, de 1984: “A Veríssimo de Melo, a que me conheça melhor. O abraço (intelectual, se é que isso existe) e afetuoso no que possa ter de mais afetivo do Acyr Castro”.


Há dedicatórias também de outros escritores do Rio Grande do Norte, como Homero Homem, na publicação “O agrimensor da aurora”, da Forense-Universitária, de 1981: “Ao querido Veríssimo de Melo, com o velho apreço intelectual e a amizade de Homero Homem, este somatório poético e lira dos 60 anos. Rio - Fev. 82. P.S. Aqui no Rio, nas escolas, tenho falado do s/ admirável livro de parlendas e cantos e adivinhas. HH”. O poeta Sanderson Negreiros, na obra “Fábula fábula”, reeditada na Coleção Mossoroense em 1990: “A Veríssimo de Melo, o querido Vivi de várias gerações, o abraço amigo de  Sanderson Negreiros”. E o querido escritor de Santana do Matos (RN), Manoel Onofre Jr., que deixou registrado no livro que organizou “Os potiguares, I, contistas”, da Nossa Editora de 1986: “A Veríssimo de Melo com admiração pela sua obra de escritor e antropólogo, um forte abraço do amigo Manoel Onofre Jr.”.


Historiadores também deixaram suas mensagens para Veríssimo, como por exemplo, Itamar de Souza em “A República Velha no Rio Grande do Norte”, publicado pelo Senado Federal em 1989:  “Ao amigo, Mestre Veríssimo, incansável na arte de fazer amigos, com estima intelectual. Itamar de Souza” e também, Tarcísio Medeiros na publicação “Aspectos geopolíticos e antropológicos da história do Rio Grande do Norte”, da Imprensa Universitária, de 1973: “Ao Veríssimo de Melo, na expectativa da sua crítica sincera de mestre antropólogo, com um abraço de colega e amigo, oferta o autor, Tarcísio Medeiros”.


Manuel Bandeira, poeta brasileiro da geração modernista, doou a Veríssimo seu livro, “Noções de história das literaturas”, editado pelo Fundo de Cultura em 1960, com direito a dedicatória e citação a Veríssimo de Melo ao lado de Câmara Cascudo e outros escritores importantes da literatura brasileira: “A Veríssimo de Melo, com um abraço e o velho apreço de Bandeira”.


Veríssimo de Melo foi um grande profissional, principalmente, em áreas como Antropologia e Jornalismo, escreveu muitos livros, artigos, ensaios, capítulos de livros, plaquetes, teve participação em coletâneas e foi convidado por muitos intelectuais para prefaciar ou apresentar obras. Participava de muitos eventos, envolvia-se com diversas instituições. Conseguiu estreitar vínculos com outros escritores e personalidades do país e exterior. Deixou uma marca importante na Universidade Federal do Rio Grande do Norte, onde lecionou e no Museu Câmara Cascudo, instituição que fundou e dirigiu. Formou seu acervo bibliográfico pessoal, especialmente, com a troca de publicações entre seus amigos e figuras intelectuais do Brasil e de outros países e, hoje esse acervo pode ser consultado e pesquisado por qualquer pessoa na Biblioteca Setorial Veríssimo de Melo do Museu Câmara Cascudo da UFRN.


Horário de funcionamento: Segunda à sexta, das 7h30 às 13h30

Endereço: Av. Hermes da Fonseca, 1398 - Tirol

E-mail: biblioteca@mcc.ufrn.br

Telefone: (84) 3342-2289 Opção 3