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A biblioteca particular de Veríssimo de Melo

BSE-MCC

Por Cirlene Oliveira

Bibliotecária/Documentalista da BSE-MCC


O Rio Grande do Norte pode se orgulhar por ter em sua história um grupo seleto de intelectuais renomados e um dentre esses nomes, inquestionavelmente, é o escritor Veríssimo de Melo.


Antropólogo, jornalista, juiz, professor, escritor e um dos maiores folcloristas do estado, com um currículo invejável e um grupo de amigos importantes pelo mundo inteiro, Veríssimo Pinheiro de Melo, natural de Natal, nascido em 9 de julho de 1921, deixou além de um legado cultural com muitos livros, artigos e outras publicações de sua autoria, o seu acervo bibliográfico pessoal que, hoje, encontra-se disponível para pesquisas na biblioteca setorial que leva o seu nome no Museu Câmara Cascudo (MCC) da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN).


A biblioteca, que começou a ser formada ainda no Instituto de Antropologia (IA), instituição fundada por Veríssimo de Melo, Luís da Câmara Cascudo, Dom Nivaldo Monte, José Nunes Cabral de Carvalho e o Reitor Onofre Lopes, foi fundada em julho de 1962. Com a criação do Museu Câmara Cascudo em 1973, foi mantida, mas apenas em fevereiro de 2020, foi oficializada, sendo incluída no Sistema de Bibliotecas da UFRN (SISBI/UFRN) e passando a se chamar Biblioteca Setorial Veríssimo de Melo. 


No ano de 2007, a família do folclorista doou para a biblioteca cerca de 2.240 exemplares do seu acervo particular, dentre livros, obras de referência, folhetos diversos (principalmente separatas), trabalhos acadêmicos, fascículos de periódicos brasileiros e estrangeiros, folhetos de cordel e publicações de eventos. Todos os materiais doados foram incorporados ao acervo da biblioteca do museu, estão disponíveis para pesquisa local e, atualmente, em processo de catalogação.


Famílias de grandes intelectuais costumam fazer doações de acervos particulares a bibliotecas universitárias, o que permite que essas unidades de informação tenham em seu poder acervos únicos e diferenciados que atraem diversos pesquisadores. 


Veríssimo de Melo publicou vários livros, escreveu para muitas revistas do Brasil e de outros países, tinha colunas em muitos jornais brasileiros, costumava ser convidado para prefaciar, fazer apresentações, comentários, depoimentos em publicações de outros escritores, além de contribuir com capítulos de diversas coletâneas.  Teve uma vida voltada, sobretudo, à cultura, ao folclore e à música, suas paixões. 


Estudioso, especialmente na área do folclore, Veríssimo lia muito e trocava correspondências e publicações com outros escritores do Brasil e exterior, o que permitiu estreitar vínculos com várias personalidades. Seu acervo pessoal é muito rico, composto em sua maioria por obras de Antropologia, Literatura e História e foi formado, principalmente, por essa troca de publicações entre seus amigos e figuras intelectuais brasileiras e de outros países.


Em entrevista concedida a Auricéia Lima para a revista O Galo em 1994, Veríssimo comenta sobre as pessoas que mais o influenciaram, e como esperado, inicia com Luís da Câmara Cascudo e segue com Ascenso Ferreira, Jorge Fernandes, Luiz Maranhão Filho, Valdemar Araújo, Manuel Bandeira, Gilberto Freyre etc. Esses escritores e muitos outros, fizeram doações a Veríssimo e é possível encontrar na biblioteca do museu vários exemplares com dedicatórias bem interessantes.


Veríssimo também menciona na conversa com Auricéia Lima que publicou em vários estados do Brasil e também países como Portugal, Alemanha, Itália, Holanda, Espanha, Venezuela. Na biblioteca setorial do MCC, é possível, por exemplo, ter acesso a seus artigos da revista Humboldt da Alemanha.


A primeira obra de Veríssimo foi publicada em 1948 pela Sociedade Brasileira de Folk-lore e intitula-se “Adivinhas”. O prefácio foi elaborado por Câmara Cascudo, que em um dos trechos, afirmou: “Veríssimo de Melo é um jovem pesquizador com a mentalidade teimosa de saber procurar e alegrar-se com os encontros, depois de suor, conversa e sono”. Veríssimo dedicou o livro ao mestre Cascudo e ao pintor Lula Cardoso Ayres, que foi responsável pela capa. Na biblioteca do MCC, esse e outros títulos de sua autoria estão disponíveis para consulta local.


Curiosidades sobre seu acervo pessoal era o costume de Veríssimo de anotar o endereço do escritor no próprio livro, fazer anotações e marcar trechos relevantes às suas pesquisas. Extraía de jornais, críticas e comentários sobre os livros de seu acervo e guardava junto com a obra mencionada nos textos. Costumava também fazer ao final do livro, uma espécie de índice com palavras e paginação dos assuntos de seu interesse e fazia questão de registrar caso fosse citado.


A biblioteca do Museu Câmara Cascudo foi agraciada com a doação do acervo bibliográfico pessoal do folclorista norte-rio-grandense, oferecido, generosamente, pela família de Veríssimo de Melo, uma personalidade tão importante para o estado. Com isso, tornou-se depositária de uma coleção única, com títulos exclusivos, o que permite a pesquisadores da Universidade e da comunidade externa ter acesso a um acervo singular e tão rico.


Por fim, os títulos existentes nessa coleção especial, as dedicatórias mostrando o relacionamento de Veríssimo com outros intelectuais e as particularidades do folclorista ao fazer suas anotações revelam a importância do escritor potiguar para a história intelectual brasileira e também de outros países, principalmente, da Europa e da América Latina e ainda possibilitam aos pesquisadores e demais leitores conhecer mais a respeito desse profissional que muito contribuiu para o estado do Rio Grande do Norte.


A Biblioteca Setorial Veríssimo de Melo do Museu Câmara Cascudo é aberta ao público, incluindo a comunidade externa, de segunda a sexta, das 7h30 às 13h30.


Endereço: Av. Hermes da Fonseca, 1398 - Tirol

E-mail: biblioteca@mcc.ufrn.br

Telefone: (84) 3342-2289 Opção 3