Professor da UFRN lança livro sobre tecnoimagens e sociedade telemática
Karla Ferreira - Agecom/UFRN
O professor do Departamento de Línguas e Literaturas Estrangeiras Modernas (DLLEM) da UFRN, Michael Hanke, vai lançar na próxima quarta-feira, 2 de julho, às 15h, na sede do Sindicato dos Docentes da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (Adurn-Sindicato), a obra Vilém Flusser e a comunicação: a cultura da sociedade telemática. O lançamento do livro ocorre como parte da segunda edição do projeto Um livro, um autor, promovido pelo Adurn-Sindicato, junto à Cooperativa Cultural.
O livro constitui uma biografia completa sobre o trabalho do filósofo Vilém Flusser, conhecido como teórico e guru das novas mídias, da sociedade digital e interconectada por computadores, e da cultura e fotografia. De família tcheco-judaica, enraizado na cultura alemã, Flusser nasceu em 1920 na cidade de Praga, de onde fugiu devido à invasão nazista e escolheu o Brasil como um de seus destinos por mais de 30 anos.
Flusser faz uma mediação do questionamento filosófico tradicional sob as condições atuais da revolução das mídias e da técnica e discute temas que abarcam o surgimento das mídias digitais. Em 1989, a internet estava em seus primórdios. Vilém Flusser, antecipadamente, tinha reconhecido o novo desenvolvimento em direção à digitalização, por ser observador atento e conhecedor da capacidade operacional dos computadores modernos desde os anos de 1960.
O filósofo analisa as transformações sociais desde as origens pré-industriais, atravessando as diversas revoluções industriais, desde a sociedade material até a imaterial, como também seus processos de saber – processo de hominização (humanização), abstração e distanciamento crescentes, saindo da natureza e entrando na cultura e, em sua forma mais atual, como sociedade do saber e da comunicação.
Em sua teoria, Flusser recorre a pensadores como Platão, Aristóteles, Nicolau de Cusa, Kant, Hegel, Marx, Nietzsche, Husserl, Wittgenstein, Heidegger, Sartre, Buber e Wilhelm von Humboldt. Apesar de seu falecimento em 1991, sua filosofia continua atual.
Segundo o professor Michael Hanke, a cultura digital contemporânea, no legado de Flusser, é vista como o último nível de um processo longo de emergência cultural, que se desenvolve a partir de um nível concreto para um nível cada vez mais abstrato, uma mediação entre o homem e seu meio ambiente que se inicia com a cultura material (de ferramentas, tridimensionais), passa pela cultura das imagens (bidimensionais) e da fase histórica dos textos (unidimensionais) para chegar à cultura imaterial dos algoritmos. “Neste último nível de abstração, o universo zerodimensional, ou digital, os elementos pontuais podem ser calculados e computados em qualquer objeto, processo que não se dá, absolutamente, de modo retilíneo, mas também permite passos atrás. Objetos, corpos, imagens e textos podem ser projetados no plano zerodimensional através de pontos sem linha, o que, por sua vez, pode afetar e moldar a realidade novamente”, explica o professor.
Publicado pela editora da Universidade de São Paulo (USP), o livro é leitura essencial para quem tem interesse e lida com as tecnologias de comunicação e informação, e para estudantes e profissionais das áreas de comunicação, arquitetura, filosofia e ciências sociais.
Edição: Vilma Torres