Pesquisadores do ICe integram banco de registros neurofisiológicos dos sonhos
Laíza Felix - ICe/UFRN
A revista científica Nature Communications (fator de impacto = 15) publicou um artigo com o maior banco de dados neurofisiológicos dos sonhos. O trabalho A dream EEG and mentation database reuniu 53 autores de 37 instituições, localizadas em 13 países diferentes. Apenas quatro pesquisadores são brasileiros, todos do Instituto do Cérebro da UFRN: Sérgio Mota-Rolim, Fernanda Palhano-Fontes, Kátia Cristine Andrade e o professor Dráulio Araújo.
As pesquisas em neuroimagem dos sonhos são essenciais para investigar os processos neurocognitivos da consciência durante o sono, mas são limitadas pelo número de observações que podem ser coletadas em cada experimento. São necessárias mais pesquisas divulgando esses dados para entender melhor quando, como e por que sonhamos.
Os autores do artigo propõem, então, um banco de dados para padronizar os registros neurofisiológicos dos sonhos em um único lugar, disponibilizando de forma gratuita para futuros estudos. Até o momento, o banco de dados reúne 2.500 registros eletroencefalográficos (EEG) do sono e do relato do sonho após o despertar.
Um dos autores principais, o professor Nao Tsuchiya, comentou, em release da Universidade Monash (instituição que lidera a iniciativa), que cada experimento com sonho é extremamente custoso e o compartilhamento de dados tem sido muito raro nessa área. “Compreender como, quando e por que os sonhos ocorrem pode ajudar a responder a uma das questões mais profundas da ciência: como podemos detectar a consciência quando as pessoas não conseguem se comunicar?”, explicou o professor Tsuchiya.
Responder a esta pergunta pode indicar o caminho para compreensão não apenas do que acontece quando dormimos, mas quando estamos sob efeito de anestesia ou sofrendo de doenças como a síndrome da vigília sem resposta (anteriormente nomeado como estado vegetativo).
“Esse é o maior banco do mundo, o que pode nos ajudar a responder algumas perguntas fundamentais, como: por que às vezes estamos conscientes e às vezes inconscientes durante o sono? Por que algumas pessoas se lembram dos seus sonhos todos os dias, enquanto outras quase nunca? Por que é tão raro perceber que se está sonhando durante o sonho (sonho lúcido), e mais raro ainda conseguir controlar o conteúdo onírico?”, comentou Sérgio Mota-Rolim, um dos autores brasileiros e neurocientista do ICe.
O artigo é apenas o começo do projeto, que pretende padronizar a pesquisa sobre sonhos e expandir o banco de dados. Para ler o texto completo, acesse este link.
Fonte: ICe/UFRN. Texto: Laíza Felix; Edição: Hellen Almeida; Revisão: Beatriz de Azevedo.